Reflexão


"Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto" - Alberto Caeiro

"A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real" - Charles Baudelaire

Friday, December 18, 2009

Relações Exteriores do Brasil



A política externa brasileira é marcada por duas vertentes: o americanismo e o globalismo. Conforme expôs Letícia Pinheiro no seu livro ‘Política Externa Brasileira’ (1889-2002). Ela afirma: “O Americanismo reconhece os EUA como eixo da política externa, donde a maior aproximação de Washington elevaria os recursos de poder do país, aumentando assim sua capacidade de negociação”, já o globalismo “foi concebido como alternativa ao anterior, elegendo a diversificação das relações exteriores do Brasil como condição para aumentar seu poder de barganha, inclusive junto aos EUA”.

Todavia, nessas duas vertentes o eixo foi a autonomia das relações exteriores brasileiras e a tentativa de utilizar as relações exteriores como um instrumento de desenvolvimento econômico. Um exemplo dessa autonomia encontra-se no alinhamento político de Vargas aos EUA, quando o mesmo patrocinou a primeira siderúrgica do Brasil em Volta Redonda (RJ).

No quesito desenvolvimento, podemos citar o reconhecimento de Angola em 1975, momento em que o Brasil vivia o regime militar. Angola era governada pelo ‘Movimento Popular para a Libertação Total de Angola, de cunho fortemente marxista e apoiada pela ex-URSS. A contradição está que o regime militar se efetivou para expurgar os comunistas do Brasil. O reconhecimento de Angola advinha de uma política externa chamada: pragmatismo responsável, isto é, buscava várias parcerias e benefícios econômicos, sem uma preocupação com o alinhamento político. É relevante ressaltar que no momento o mundo passava por uma alta valorização do petróleo e o Brasil importava muito deste “ouro negro” necessitando assim de novos parceiros econômicos.

No governo Lula, a política externa vem mudando sua linha de atuação, com destaque para a agenda “positiva” nas relações internacionais, como exemplo: o combate à fome e a desigualdade social. Na esfera econômica o país busca novos parceiros - até com países não alinhados aos EUA. Um exemplo, encontra-se na vinda do presidente do Irã ao Brasil com uma comitiva de 200 empresários.

Um dos motivos da visita da Mahmoud Ahmadinejad é passar de 1,5 bilhões de dólares para 15 bilhões suas importações do Brasil. Não acredito que a visita de Ahmadinejad ao país lhe tenha outorgado algum reconhecimento maior nas relações internacionais, tendo em vista que suas declarações sobre o Holocausto lhe deslegitimam como um ator político relevante. O tema que insere o Irã em uma pauta internacional é o seu programa nuclear. Nesse item faltou uma postura mais firme do governo, ou seja, Lula poderia ratificar a proposta da ONU para que o enriquecimento de urânio seja feito em outros países, a Rússia, por exemplo.

Mesmo havendo várias críticas na comunidade internacional, a imagem do Brasil não foi prejudicada, pois o país vem se destacando em várias frentes, como é o caso da medida para redução da CO2, que o país levará como proposta para a Conferência do Clima em Copenhague.

Podemos afirmar que essa mudança, ainda pouco estudada pelos especialistas, mas perceptível no espaço dado nos meios de comunicação, já é um avanço ao país, que tem uma longa tradição de atuar em várias esferas internacionais. Mas que não conseguiu construir um diálogo com a sociedade civil brasileira. Um fato desta crescente mudança é a inserção da temática: política externa brasileira nas eleições do ano que vem, cujo programa de governo de qualquer candidato ao governo federal terá que desdobrar um projeto para nossas relações exteriores

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