Reflexão


"Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto" - Alberto Caeiro

"A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real" - Charles Baudelaire

Thursday, December 17, 2009

O Declínio da Direita: paralisia política e inércia de projetos



O nome dos Democratas surgiu em 2007 (na refundação do partido), mas as roupagens da atualidade do partido remontam ao dia 5 de julho de 1984, quando cria-se o Partido da Frente Liberal (PFL). O PFL foi criado por uma dissidência do PDS (Partido Democrático Social) que substituiu a ARENA no período do Regime Militar quando havia o bipartidarismo no Brasil (para os mais moços, no período a disputa era entre: ARENA versus MDB).

Segundo o site do DEM: “Em 1986, o Partido elegeu sete senadores e 118 deputados federais (o maior número de sua história). Elegeu ainda 231 estaduais (também o maior número de sua história e um governador). Em 1988, elegeu 1.058 prefeitos o maior número de sua história”. Na década de 1980 o partido estava inserido nas várias esferas políticas e posteriormente (na década de 1990) compôs uma longa aliança com o PSDB no governo de FHC.

Depois que saiu do governo do PSDB, os Democratas iniciaram seu declínio político. Atualmente, o partido tinha um governador no Distrito Federal, José Roberto Arruda, que se desfiliou do partido quando foi flagrado pelos seus atos (no mínimo) obscenos, recebendo dinheiro público (dos nossos impostos). Segundo Arruda o dinheiro era para comprar os famigerados panetones. Depois dessas imagens o governador continua solto, livre como um cidadão comum.

Para quem não lembra, Arruda foi o mesmo que renunciou ao mandato de senador depois de assumir a violação do painel eletrônico do Senado em 2001, no período o senador Arruda era filiado ao PSDB, outro acusado da violação do painel foi o Antônio Carlos Guimarães (PFL). Depois da renúncia o acusado Arruda não teve seus direitos políticos cassados e filiou-se ao PFL (hoje DEM). Também é o mesmo personagem citado nos escândalos do metro de Brasília, quando era secretário de obras do primeiro governador eleito de Brasília (1991-1995) Joaquim Roriz (ex-PMDB, agora PSC). Arruda tem um histórico no mínimo conturbado por escândalos. Se a lei que barrasse candidatos com ficha suja estivesse em vigor, este texto, provavelmente, não precisasse ser escrito e lido por vocês.

O flagrante do dia 27 de novembro do ano corrente resultou na operação Caixa de Pandora, executado pela Polícia Federal (instituição que prezo muito). A polícia investiga uma rede de distribuição de pagamento a deputados para apoiar Arruda no governo. O dinheiro para pagar os parlamentares (de vários partidos) é oriundo de empresas que ganhavam as licitações no governo do DEM. Muitas destas empresas financiaram a campanha de Arruda ao pleito do DF.

Tudo indica que o esquema descrito acima é extenso e profundo, encontra-se em várias esferas do governo (do município ao governo federal), de um simples assessor ao governador de Brasília.
Voltando aos democratas. O partido atualmente está sobre a direção de Rodrigo Maia (RJ); há uma evidente falta de comando do mesmo. O partido encontra-se imobilizado, vem ano a ano perdendo espaço na agenda política brasileira. A falta de liderança é explicita, pois quem fala por ele é o Democrata Ronaldo Caiado (GO) líder do partido na Câmara. O DEM perdeu o rumo político por não assumir seu conservadorismo e sua posição de partido de Direita no cenário político brasileiro.

A situação do partido em Limeira é um reflexo desta longa paralisia política. O representante do DEM em Limeira não consegue emplacar a sigla na cidade. Na eleição de 2004 Lusenrique Quintal teve 25.398 votos, em 2008 o seu eleitorado diminuiu para 13.994 votos. Nesse ritmo não conseguirá sequer uma vaga para vereador em 2014. Aliás, aonde está o Quintal?
O DEM tornou-se pequeno na atual conjuntura política do país. O fato está que a sua importância nas eleições de 2010 não será por seu programa de governo ou discurso político, mas encontra-se no tempo de televisão que o partido pode dar ao PSDB.

Em meio à crise, também fica evidente que a reforma política (com fidelidade partidária e financiamento público para campanha) é urgente, não basta fazer uma maquiagem no sistema eleitoral e dizer que isso é reforma política. É hora de o congresso mudar seu modus operandi, ou a sociedade mudará os políticos e seus sistemas!

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