Reflexão


"Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto" - Alberto Caeiro

"A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real" - Charles Baudelaire

Sunday, January 31, 2010

Relações Exteriores do Brasil em Honduras.




Em Honduras, a flexibilidade política de Porfírio Lobo, empossado como presidente de Honduras no dia 27 de janeiro promete uma dinâmica política diferente. Porfírio Lobo é mais conhecido no país como “Pepe”. Sua posse no governo hondurenho não mudará a atitude brasileira de não reconhecer o pleito que ocorreu em novembro do ano passado, quando ainda estava no poder o chamado “governo de fato”, comandado por Roberto Micheletti. Pepe busca um rápido governo de consenso, pois a paralisia política afunilou a já colossal divida externa. O país é um grande exportador de produtos primários e com o regime de exceção, o país sofreu sanções econômicas do Conselho de Segurança da ONU, prejudicando toda a sua economia.

Manuel Zelaya, presidente destituído em 28 de junho do ano passado, conseguiu fazer um acordo com o Presidente Lobo. O acordo é pautado por uma anistia de todos os envolvidos com o regime militar e concedia um salvo conduto ao Zelaya, para que o mesmo deixe o país para ser recebido como “hóspede especial” na insular República Dominicana. A anistia acaba com o impasse que já ocorria há quatro meses, quando o ex-presidente deposto ocupava a embaixada brasileira em Tegucigalpa – capital de Honduras. Zelaya estava na embaixada desde 21 de setembro de 2009.

A situação do Brasil perante o ato do Presidente Porfírio Lobo, de anistiar todos os envolvidos no golpe, alivia a tensão política que o país sofria por manter Zelaya na embaixada. Essa ação do Itamaraty foi audaciosa porque Zelaya não era considerado exilado político e sim “abrigado” político, termo muito vago nas relações internacionais e insuficientes para assegurar proteção de Zelaya na embaixada.
O momento mais crítico foi quando os soldados hondurenhos cercaram a embaixada brasileira. O Brasil e a Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA) não reconhecem o governo de Pepe como legítimo, pois quando ocorreu o pleito Honduras encontra-se sobre um regime militar que obstruía a liberdade de imprensa. Todavia, vários países da América Central e os EUA reconhecem o resultado das eleições de novembro.

A situação atual não denigre a imagem das nossas relações exteriores na América Central, todavia, nesse caso específico deixa-a na inércia. Segundo o ministro Celso Amorim só nos resta esperar. Mas tudo indica que em um futuro próximo o governo brasileiro irá reconhecer o governo de Pepe. Claro, pode ocorrer que da República Dominicana, Zelaya monte um grupo de apoiadores e volte ao país, aí já é outro artigo.

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