International Relations, political parties and political sociology. Por Israel Gonçalves
Reflexão
"Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto" - Alberto Caeiro
"A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real" - Charles Baudelaire
Monday, February 1, 2010
PELA TRANSFORMAÇÃO DO INDIVÍDUO
Florestan Fernandes
Tenho o entendimento que Florestan Fernandes (1920 a 1995) é o maior sociólogo do Brasil, não porque concordo com seu pensamento na sua totalidade, muitas vezes é o contrário, discordo ferrenhamente dele. Brigo, faço anotações e rabisco ao lado do texto entre outras ponderações feitas aos artigos e livros do saudoso sociólogo. O texto: Nova República? É um exemplo desse conflito silencioso realizado ao tardar da noite. Lembro que o referido artigo (hoje livro) foi escrito no calor da hora – em 1985 - e se bem lido, ficará evidente que boa parte do seu diagnóstico feito à nova república não ocorreram, melhor, aconteceu tudo ao inverso do que previa o sociólogo – na minha interpretação. Mas sem dúvida nenhuma, ele proporcionou questões e abordagem distintas, e originais. Diferente do que ocorre hoje na academia, donde um amontoado de reproduções e mais reproduções são chamados de dissertações e teses ou nas escolas de ensino fundamental e médio do qual o mote é soletrar um livro didático.
Florestan foi um intelectual não somente por que escreveu obras fundamentais sobre nossa cultura e política, mas sim, na minha modesta opinião, por não significar intelectualismo como sinônimo de academismo. O sociólogo era um homem que tinha uma vita activa a lá Hannah Arandt (ver a obra: A Condição Humana - escrito em 1958), ou seja, a ação como um instrumento de fazer política, de colocar em prática seus desejos e projetos políticos, o de pensar-agir. Já o não pensar nos torna igual a uma planta que existe por meio de fotossíntese. Acredito que pensar exige tempo e dedicação, faz parte do labor dos Homens.
Temo pela falta, em um futuro-presente, de pessoas - com pensamentos - pelas quais poderemos discordar e travar o bom debate, isto é, de uma a boa disputa de argumentos e contra argumentos. Tornamo-nos um aglomerado de pessoas cujo substantivo “Massa” subtraiu, não o indivíduo da esfera pública, mas a ideia de conviver com o contraditório. Tal fato é o pressuposto para a intolerância que nutre regimes corruptos e/ou totalitários a exemplo da nossa sociedade de consumidores que outorga no ter – objetos – o elemento fundamental das nossas relações sociais, excluindo tudo que critique esta tautologia. Não “bebo” das teorias do Florestan, todavia, não posso me furtar de ao caminhar no tempo, dialogar com o mestre. É necessária em nossa sociedade contemporânea uma transformação radical do indivíduo!
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