Reflexão


"Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto" - Alberto Caeiro

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Saturday, April 24, 2010

Pelo direito de autodefesa: o caso do Irã



Boa parte do século XX, o Irã foi cenário de uma grande espoliação pelos norte-americanos e ingleses que tinham na figura do monarca xá Reza Palhevi o seu representante na ex-Pérsia - depois de 1935 o país mudou de nome e passou a se chamar Irã. A sua política “ocidentalista” e entreguista do petróleo iraniano para os navios de guerra da Real Marinha inglesa e para os automóveis americanos foi a característica de uma parte significativa da economia e história contemporânea do Irã. A revolta contra esse sistema de “roubo” das riquezas iranianas cominou na Revolução Islâmica de 1979, cujo ator principal foi Aiatolá Rohullaha Khomeini, que nacionalizou o petróleo.

O discurso dos muçulmanos já estava pronto e o grande inimigo não poderia ser outro, os EUA, considerado o Satã, pois a política americana no Irã no período do xá Reza Palhevi matou milhares de persas de fome. Com medo da expansão do antiamericanismo na região, alguns países ocidentais apoiaram o Iraque na sua invasão ao Irã. Depois de oitos anos de guerra não ocorreu nenhuma mudança na fronteira - entre os dois países - e cerca de um milhão de mortos morreram nesse confronto.

O Irã volta a entrar no cenário midiático quando M. Ahmadinejad é eleito em 2005 e reeleito em 2009, ele não é apenas mais um presidente de um país no Oriente Médio, mas é um governante que tem um discurso pautado pela soberania e por um projeto polêmico - para os EUA; o enriquecimento de urânio para fins pacíficos.

Enriquecer urânio para fins pacíficos, mas com “gostinho” militar é uma política de proteção de seu território e, claro, de soberania iraniana. Um olhar panorâmico sobre o Oriente Médio, em especial aos vizinhos do Irã, deixará evidente o seguinte cenário: o Paquistão (a leste da fronteira com o Irã) tem armas nucleares, sem respeitar nenhum tipo de acordo ou tratado, talvez por ser um país pró-EUA, acima tem o Afeganistão invadido pelos EUA em 07 de outubro 2001. Do outro (a oeste) temos o Iraque invadido pelos EUA em 19 de março 2003. Não precisa ser analista em estratégias para perceber que o Irã está cercado pelos EUA, ou seja, vulnerável tanto a leste quanto a oeste, isso significa que uma invasão norte-americana seria devastador ao país que foi por muito tempo fantoche das políticas imperiais norte-americanas.

Agora, não fica difícil compreender que a política interna iraniana de enriquecimento de urânio é motivada pelo cerco militar norte-americano e liga-se mais a uma autodefesa do que uma ameaça externa.

6 comments:

  1. É possível bem provável que o teu argumento tenha razão, contudo, sempre tenho receio do fundamentalismo Islãmico!

    abs

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  2. E aí Záia... mas o que podemos entender por Fundamentalismo Islâmico?

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