Reflexão


"Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto" - Alberto Caeiro

"A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real" - Charles Baudelaire

Wednesday, April 14, 2010

A culpa é do Cabral!



Nessa terra cheira de vida, os portugueses comandados por Pedro Àlvores Cabral fincaram sua espada e cruz - em 22 de abril de 1500. Ao longo da dominação, resolveram efetivar seu comércio. O sistema aplicado foi o Plantation, assim, a cana-de-açúcar, o trabalho escravo, o latifúndio e a falta de inovação foram os instrumentos utilizados para gerar a riqueza que ia da Colônia para a metrópole - Portugal. A Colônia Brasil, cumpre assim sua função, fazer dinheiro para metrópole. Enfim, o Brasil torna-se um negócio do Império Português.

Terra tão produtiva e importante que vários se interessaram, todos foram expulsos, holandeses e franceses, os últimos ocuparam a Baía de Guanabara e criaram a França Antártica, mas Estácio de Sá juntamente com suas tropas conseguiram enviá-los de volta para a Europa.

Não demorou muito para que o Rio de Janeiro se tornasse a capital da rica Colônia e posteriormente do Império e da República – foi de 1763 até 1960. O Rio de Janeiro torna-se uma cidade moderna, além de uma capital turística e de inspiração até para músicas e poemas.

Seu encanto e sua riqueza trouxeram de vários lugares imigrantes, com a esperança de ter uma vida decente. Encontram um Cabral, mas não é o do século XVI, mas o Sr. Governador Sérgio Cabral, que faz do Rio de Janeiro o seu negócio político, seu trampolim para conquistar mais poder. Divulgou a conquista da Copa do Mundo de 2014 para a cidade maravilhosa, mas não olhou para os cariocas de 2010, que choram, não pela conquista da Copa, mas por perderem suas casas e muitos, até a esperança já perderam.

No mínimo, desde 2004 as áreas de risco já eram conhecidas em Niterói, todavia, sabemos que tais problemas não são recentes. Os atores políticos da cidade maravilhosa, não se preocupam muito em resolver os problemas dos moradores dos morros, pois lá só vivem pobres - em suas senzalas modernas -, e os mesmos, na mentalidade de elite política, podem ser a cada dois anos manipulados pela mídia. Talvez seja por isso que os “nobres” políticos lá só apareçam em períodos de ano eleitoral. Tal situação, infelizmente não é uma característica só do Rio de Janeiro.

É difícil para um brasileiro ver mortes de pessoas de bem, que poderiam ser evitadas se os atores políticos fossem responsáveis. Agora todos os políticos e agentes públicos se solidarizam e vão enviar dinheiro (público) e fazer os projetos para evitar - no futuro- tais tragédias, mas aí percebesse o grande teatro. O cenário é que o Brasil já tem engenheiros preparados para fazer os projetos e já tem o dinheiro para as obras, ou seja, a não realização das obras necessárias para melhorar a vida dos cariocas deixou de ser feita por falta de vontade política de vários setores da esfera política: municipal, estadual e nacional.

O maior problema do Rio de Janeiro, no meu entendimento, não serão as chuvas que virão, mas a possibilidade da elite política continuar “deitada eternamente em [seu] berço esplêndido”, como já afirmava a letra da pátria. Enfim, a culpa é do Cabral!

3 comments: