Reflexão


"Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto" - Alberto Caeiro

"A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real" - Charles Baudelaire

Monday, October 25, 2010

Existe voto consciente?

Respondendo de forma direta, podemos afirmar que existe voto consciente. Mas o voto consciente não é sinônimo de votar certo ou de escolher o “melhor candidato” entre os milhares que existem por aí. O cidadão escolhe o político, muitas vezes, pela simpatia ou empatia, não importando o partido e nem a proposta do postulante ao cargo público. Outros escolhem os seus candidatos por meio da proposta do partido, neste cenário o partido é fundamental, é o chamado voto ideológico. Há os que votam pensando no seu bolso, ou seja, nos candidatos que melhor expressarão um rendimento financeiro – em curto prazo - ao eleitor, como exemplo, diminuir impostos de determinados produtos ou mesmo fazer transferência direta de renda. Também há o eleitor que escolhe os candidatos mais “bizarros” para votar, tal ação política não é inconsciente, pelo contrário, é um voto que expressa, muitas vezes, uma indignação do sujeito ao sistema político vigente. Lembramos que as escolhas citadas podem se justapor na realidade, ou seja, o cidadão vota no partido (voto ideológico) por compreender que o mesmo tem uma proposta que lhe renderá mais dividendos. Todas essas formas de escolha de um candidato podem ser conscientes, mas mesmo assim, ter consciência ao escolher o seu futuro representante não significará um aprimoramento da jovial democracia brasileira.

Um item importante sobre a consciência do voto é que isso significa consequência. Quando se escolhe alguém para representar um projeto, no Congresso Nacional ou em uma Assembleia Estadual, estamos apostando que o indicado pelo voto defenda um projeto. Mas o jogo político é assimétrico e cheiro de condicionantes e variáveis, por isso, muitos parlamentares ou partidos mudam os seus projetos eleitorais ou de campanha quando são eleitos. Portanto, um voto consciente vem de um acompanhamento do mandato ou do partido que o eleitor votou. Um político que não é questionado, que não é cobrado por suas atitudes pode esquecer do que prometeu na campanha – aliás, geralmente eles esquecem -, desviando-se assim do seu compromisso inicial. Desse modo, um voto consciente significa um acompanhamento do mandato do representante escolhido.

Mas como o eleitor pode cobrar o parlamentar? Enviando-lhes e-mails, cartas, participando das sessões na Câmara de Vereadores, na Assembleia Estadual ou até no Congresso Nacional, outro instrumento é realizar passeatas e protestos, tudo isso é válido e salutar para o aprimoramento da nossa democracia.

Há também algumas dicas que podem “clarear melhor nossas consciências” antes do voto. A primeira é saber se o candidato cometeu algum crime político ou renunciou ao mandato para fugir de uma possível punição parlamentar, ou seja, saber se ele tem ou não uma “Ficha Limpa”, algo imprescindível para a qualidade de nossa política. Um segundo ponto é saber o quanto o candidato está gastando com sua campanha, isto é, saber como ele está conseguindo os seus recursos e quem está financiando a campanha. Há candidatos que gastam cerca de 70% na campanha - do que eles irão ganhar nos quatro anos de mandato - ou oito se for senador. Um outro fator é pesquisar no site do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) e ver se o candidato infligiu alguma lei eleitoral, alguns candidatos colocam placas em lugares sabiamente proibidos, mostrando sua malandragem e irresponsabilidade com a coisa pública.

Uma outra dica é pesquisar na internet as Casas parlamentares (Assembleias Estaduais e no Congresso) que disponibilizam a biografia dos deputados ou dos senadores, assim como, os projetos de leis dos mesmos e quais são as comissões que os parlamentarem fazem parte. Por meio dessas homepages é possível enviar as sugestões e fazer as suas críticas, faz parte do processo de fiscalização, assim, nas próximas eleições o eleitor não será enganado com falsas propagandas ou por promessas bonitas e cheias de emoção. Com um acompanhamento do parlamentar o cidadão saberá distinguir os que trabalharam em prol dos seus ideias e os que usaram o parlamento para beneficio próprio.

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