International Relations, political parties and political sociology. Por Israel Gonçalves
Reflexão
"Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto" - Alberto Caeiro
"A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real" - Charles Baudelaire
Sunday, March 14, 2010
Mais um golpe do Ocidente no Irã
Em abril de 1951, Muhammad Mossadegh foi eleito primeiro ministro do Irã e apoiou a nacionalização do Petróleo. A nacionalização do “ouro negro” foi feita pelo parlamento iraniano. Tal ato não deixou apenas constrangido o monarca Xá Reza Palhevi - filho de Reza Xá Palhevi que conquistou o poder no país em 1925-, mas principalmente as empresas norte-americanas e inglesas que exploravam petróleo na região desde o início do século XX.
A Companhia Anglo-Iraniana de Petróleo era o nome de “fachada” dado a união das empresas de petróleo dos EUA e do Reino Unido. A relação de exploração e a cooptação dos políticos iranianos (antes de Mossadegh) era tão umbilical que as empresas tinham seguranças próprios para acabarem com as manifestações dos iranianos que lutavam contra a exploração do imperialismo Ocidental. Para agradar as Companhias de Petróleo, a elite iraniana, através do Xá decretou que todos os estrangeiros (incluído os funcionários das empresas petrolíferas), estariam beneficiados pela extraterritorialidade, ou seja, estavam acima da lei iraniana. Tal decreto provocou a ira dos dirigentes religiosos e da população como um todo.
Segundo Matthew S. Gordon, historiador norte-americano, a Agência Central de Informação (CIA) dos Estados Unidos e o M-16 (serviço secreto inglês), elaboram uma campanha mundial de difamação de Muhammad Mossadegh, acusando-o de autoritarismo, fanatismo religioso e de corrupção. Tal campanha fez com que muitos países não comprassem mais petróleo do Irã. Tal situação piorou a economia iraniana, provocando instabilidade financeira, mas – mesmo assim – boa parte da população apoiou o governo de M. Mossadegh. Neste momento o Xá foge do país e a sua volta ocorre em agosto de 1953, quando apoiado pela CIA, M-16 e por mercenários (Operação Ajax) organiza um golpe de Estado. Enfim, M. Mossadegh sai do poder e as empresas petrolíferas retornam ao comando do governo no país.
Para evitar uma nova nacionalização do petróleo ou qualquer crítica ao seu regime (que era apoiado pelos EUA), o Xá Reza Palhevi criou em 1957, com apoio “técnico” dos israelenses a SAVAK - polícia secreta do Irã que tinha como método a tortura.
Depois de alguns anos e sem criatividade, os EUA planejam a mesma estratégia: difamar o governo iraniano, pois o mesmo busca ter um espaço nas relações internacionais. Depois de invadir o Afeganistão em 2001, o Iraque em 2003, agora querem invadir o Irã, argumentando que o mesmo quer produzir armas nucleares. Lembro que tal argumento foi feito para invadir o Iraque e meses depois se descobre que tal discurso era infundado - na realidade o Iraque não tinha meios para produzir armas de destruição em massa. O Iraque tinha, na realidade, somente algumas armas químicas. Armas que foram vendidas pelos EUA e pela Europa para combater o Irã e na Guerra Irã e Iraque (1980-1988). Como é sabido, o uso de armas químicas foi proibido depois da I Grande Guerra Mundial.
Voltando ao Irã. M. Ahmadejad erra em não reconhecer o Holocausto, assim como W. Bush errou ao querer induzir que todo muçulmano é terrorista. Mas, no caso do Irã, o discurso equivocado do seu presidente não pode significar que o Estado iraniano não possa investir em tecnologia nuclear para fins pacíficos.
Um fato que se comenta pouco é que o Estado de Israel, do Paquistão e da Índia já tem as tais bombas atômicas, mas não ocorreram embargos ou sanções da ONU a esses países. Aliás, o Paquistão e a Índia lutam pela região da Caxemira e, pelo menos até gora, não usaram tais armas. A lógica encontra-se na linha ideológica, no caso, Israel e Paquistão são países que apoiam os EUA.
O que está em jogo nesse cenário não é apenas as famigeradas reservas de petróleo do Irã, mas a quem elas se destinam - no caso para a China. Os EUA, temendo o avanço dos chineses na região, querem cortar o fornecimento de energia para os “comunistas”, assim, provocando uma morosidade no parque industrial e bélico da China. Os chineses percebendo a estratégia dos Yanques se posicionaram contra as investidas americanas para conquistarem novos embargos contra o Irã.
O cenário mais provável é uma invasão dos EUA no Irã, iniciando mais um conflito no Oriente Médio. A questão encontra-se: será que os EUA conseguirão suportar uma terceira frente de batalha com um Estado a modo espartano? Há cerca de 100 mil soldados da Guarda Revolucionária dispostos a lutarem pelo seu país, do outro lado, há quantos americanos cientes que morrerão pela ganância financeira de seu país?
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A CIA e mi6 é que estão sendo difamados nessa metpria sem provas.A CIA e o Mi6 sofrem tod tipo de contra-infromação e agora com a nete ninguém sabe qume dia a verdade.Isso aqui não procede e é pura fantasia.
ReplyDeletePrimeiramente gostaria de agradecer pela leitura Alaercio. Segundo, foi o historiador Matthew S. Gordan (americano) que afirmou que a CIA e o M-16 planejaram tal golpe.
ReplyDeleteTal informação bate com o livro de outro historiador, chamado Voltaire Schiling, no livro: Ocidente x Islã, leia com atenção a página 138 do livro.
Abraços e novamente obrigado.
Israel
lerei com atenção tal livro,e, nem tudo é dito com clareza,mesmo pelos historiadores renomados.
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