É fato que a presidenta Dilma agiu rápido com o “caso Palocci”. Demitiu, depois de vintes dias, seu braço direito e conseguiu inserir mais duas experientes mulheres no novo cenário político. Mas o principal imbróglio do “caso Palocci” encontra-se no Congresso Nacional. Como exemplo, verificamos a comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, onde foi votada a convocação de Antonio Palocci, então ministro-chefe da Casa Civil, para um depoimento naquela Casa. Bem, como é sabido o governo Dilma tem maioria nas duas Casas: Câmara e Senado. Nesse caso fica evidente a falta de atenção dos deputados em uma votação simples da comissão citada, mas acredito que a crise ligada ao caso Palocci é mais do que isso, a falta de compromisso da base aliada do governo.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e o líder do PT, o deputado Paulo Teixeira (SP), demonstraram vários “atos falhos” em suas funções. Em especial na condução da votação do Código Florestal. Nesta votação Paulo Teixeira fez uma crítica a uma emenda do Código Florestal, afirmou que não teve tempo para ler o documento e por isso não iria votar nela, mas um parlamentar da oposição mostrou que o deputado Paulo Teixeira assinou o referido documento. Este fato fez com que o deputado Paulo Teixeira se explicasse na tribuna da Câmara, mas a omelete já estava fritando e a credibilidade do líder ferida.
O “caso Palocci” evidencia não uma crise no governo Dilma, mas nas lideranças do PT no Congresso. Lá o governo tem a maioria, todavia, não conseguiu emplacar articuladores hábeis no trato das negociações com sua própria base aliada. Um outro fato que confirma minha hipótese é que o líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza, não conquistou a vaga para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) que foi ocupada pela catarinense e ex-senadora Ideli Salvatti.
A saída de Palocci do governo Dilma foi um exemplo de que o conceito clássico de democracia, de que ela seria o governo da maioria, não pode ser universalizado, pelo menos no Brasil. A oposição ao governo trabalha palmo a palmo, comissão por comissão suas críticas e ações e já tirou uma peça importantes deste jogo político. No Congresso, o PT deve repensar os seus líderes ou o governo Dilma poderá ir ao RH em busca de novos currículos para as pastas ministeriais.