Reflexão


"Já não é a mesma hora, nem a mesma gente, nem nada igual. Ser real é isto" - Alberto Caeiro

"A imaginação é a rainha do real e o possível é uma das províncias do real" - Charles Baudelaire

Saturday, February 5, 2011

Ocidente abraçado com Mubarak, mas de costas para os Direitos Humanos.

O ditador do Sudão, Omar Hassan Ahamad al-Bashir, é responsável pelas atrocidades que ocorreram em 2003, no Darfur (região que fica a oeste do país). O número de mortos em Darfur é estimado em 300 mil. Ele também é acusado de atacar o povo que vive no sul do Sudão. Por estes motivos, ele foi o primeiro presidente (que ainda continua no poder) condenado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia, em 2009.

Se o ditador Al-Bashir resolver sair do país deverá tomar cuidado, pois há mais de 100 países que assinaram o Tratado do TPI (Base no Estatuto de Roma). Isso significa que ele poderá ser preso – em um desses países - e posteriormente julgado. O fato desta condenação é exemplar e necessária, pois com ações do tipo do Tribunal Penal Internacional é possível pressionar governos autoritários a respeitarem os Direitos Humanos.



Atualmente, o Sudão aguarda – pacificamente - o resultado de um referendo que poderá criar um outro país no continente africano, diminuindo possíveis hostilidades entre os vários grupos que compõem o Sudão.

Não importa se foram 300mil ou 1 (uma) morte, mas o que interessa é o ato (racional) do governo, em liberar uma milícia (paramilitar) ou até uma instituição legítima (polícia e/ou Exército), para matar pessoas do seu próprio país que se manifestaram contra a forma de governo estabelecido.

Nesse caso, o ditador egípcio Hosni Mubarak deve ser indiciado por crimes contra a humanidade, ao pagar aos policiais que estavam à paisana para atacar e matar os manifestantes da Praça Tihrir, ou seja, o crime é evidente: extermínio. Também foi efetivada pelo governo uma campanha contra os jornalistas de todos os países. Muitos foram: assaltados, espancados e esfaqueados. O repórter Mohammed Mahmoud, do jornal Al-Taawun, foi - de forma brutal - a primeira vítima fatal deste trágico episódio. Mubarak tolheu o direito à informação do povo (e do mundo) e manipula descaradamente os meios de comunicação egípcia ao seu favor. Os responsáveis destes ataques – do policial ao mais alto comandante do governo - devem ser detidos para averiguação e punidos.



Não podemos aceitar que no nascer da segunda década do século XXI, algumas ditaduras com “carta branca” do Ocidente usem suas armas para oprimir sua própria sociedade. Essas ditaduras são na sua essência, associações políticas que expropriam a economia do país para seus interesses próprios. Os países democráticos não podem ficar apenas na simples retórica de pedir o fim das agressões nas regiões deflagradas, mas devem fazer retaliações econômicas e políticas. É a conivência das organizações internacionais (países e instituições) que ajudam a nutrir as ditaduras em inúmeros países. Há vários exemplos dessa complacência na história do século XX. Destacam-se as ditaduras na Romênia, efetivada por Nicolau Ceausescu, que recebeu dinheiro da Europa após 1968, e do Iraque, comandada por Saddam Hussein, que recebeu dinheiro para atacar o Irã (na guerra Irã-Iraque de 1980-1988). Ambos os regimes militares, por muito tempo, eram saudados e benquistos pelo Ocidente, conforme relatou Shelley Klein no livro “Os ditadores mais perversos da História”.

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